É preciso vencer o preconceito e buscar ajuda. Depressão
diferente do que muitas pessoas acham “não é frescura ou falta de vergonha na
cara”. A depressão tem uma origem bio-psico-social ou seja biológica,
psicológica e social.
Ela é uma
das doenças psiquiátricas mais frequentes. Uma em cada quatro mulheres e um em
cada dez homens, podem vir a ter crises depressivas durante a vida. Existem
graus diferentes de depressão. E as crianças também sofrem de depressão.
A depressão é
uma perturbação do humor que não deve ser confundida com a tristeza, que são reações
a alguns acontecimentos da vida, mas, que passam com o tempo e não impedem a
pessoa de viver normalmente. Cuidado para não confundir uma tristeza profunda,
um período de luto com depressão.
Sintomas mais
comuns da depressão: falta de energia, perda de interesse nas atividades
diárias, perturbações no apetite, no sono, insegurança, medos, irritabilidade, agitação,
sentimentos de culpa, inferioridade, alterações na concentração, memória,
pessimismo, sintomas físicos, sentimento de vazio, vontade de sumir, morrer.
É importante buscar ajuda de
profissionais especializados para se fazer o tratamento. Em alguns casos o
tratamento incluem os antidepressivos e as psicoterapias, um
paralelo ao outro, em outros, apenas a terapia já se obtém resultados satisfatórios.
Não é aconselhável somente a medicação, pois, esta será apenas uma medida
paliativa para essa demanda, não trabalhando o principal, o que levou a pessoa
a essa problema. Na
psicoterapia a pessoa irá entender o que esta acontecendo com ela e trabalhar
suas questões.
Ontem em uma
entrevista ao Fantástico, Chico Anysio relata para o Congresso Brasileiro
de Psiquiatria, que sofria de depressão há algum tempo, e que não teria
produzido 20% de seu trabalho se não tivesse recebido ajuda de profissionais da
área.
Entrevista de CHICO ANYSIO ao Fantástico
Fonte: http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2014/03/em-depoimento-inedito-chico-anysio-conta-como-venceu-depressao.html
Durante muitos anos, Chico Anysio mostrou ter
várias faces. Mas uma, ele só revelou pouco antes de morrer.
“Eu tenho um psiquiatra há 24 anos. E se não fossem os remédios que a
psiquiatria dá. Se não fosse isso, eu não teria conseguido fazer 20% do que eu
fiz”.
Chico Anysio sofria de depressão.
“Eu entendi que era depressão e eu pude pagar os
remédios. E eu pude pagar ao psiquiatra, então eu venci. Porque ela é
vencível”, conta o humorista.
O presidente da Associação Brasileira de
Psiquiatria foi quem teve a ideia de entrevistar Chico Anysio. Ele queria que
as palavras do humorista fossem usadas em um congresso contra o preconceito a doenças
mentais.
“A depressão atinge de 20 a 25% da população. E significa que 20 a 25%
da população, tem, teve ou terá um quadro de depressão ao longo da vida. Portanto pode atingir a qualquer pessoa, em qualquer idade”, explica
Antonio Geraldo da Silva, presidente da ABP.
A Joseane sofreu calada por quase um ano os efeitos
da depressão e do preconceito. “A
família não entende. Acha que é
frescura. Que é falta de vergonha na cara. Que pobre não pode ter
depressão”, diz Joseane Gomes, auxiliar de serviços gerais.
“Só que um dia eu fui para o trabalho e lá eu tive
a crise que foi muito forte. Eu chorava muito. Eu sentia uma angustia muito
grande. Uma coisa muito forte. Que eu não tinha vontade de nada. De fazer nada.
Eu só tinha vontade de morrer. Pra mim, se eu morresse acabava os problemas”
revela Joseane.
Só então a Joseane foi buscar ajuda. E encontrou em
uma unidade especializada em saúde mental, da favela da Rocinha, no Rio de
Janeiro. “Os pacientes com depressão que chegam aqui. Tem um perfil de uma
clientela mais grave. Os pacientes chegam com depressão e com alguns sintomas a
mais. Com ideias suicidas, sintomas psicóticos. Estados avançados de
inapetência de não querer comer, de se cuidar. Parar de tomar banho. Auto
cuidado já mais deteriorado”, explica Christiane Andreolo, psiquiatra.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria,
aproximadamente dois terços das pessoas com depressão não fazem tratamento. Entre
os pacientes que procuram o médico, apenas 50% são diagnosticados corretamente.
“É a mesma coisa que você falar pra quem usa óculos. Tira o óculos,
enxergue, esforce pra enxergar, você vai conseguir. Claro que não vai conseguir. A depressão também você não vai conseguir
sair dela”, afirma Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP.
“Você se
conscientizar que você está com este problema não é fácil. Você acha que os
problemas que existem na sua vida que te fazem ficar assim, mas não é,
entendeu? Você quando tem depressão, você reage de maneira errada a problemas
que todo mundo tem”, explica Paulo Malta Santos, funcionário público.
O Paulo só começou o tratamento depois de muita
insistência da família. “As pessoas tendem a confundir com como se fosse um tipo
de loucura. Muita gente têm até vergonha de procurar ajuda. Mas não é loucura.
É um problema psíquico de fundo emocional que hoje em dia muita gente tem”, diz
Paulo.
“O difícil é as pessoas entenderem como é que
pessoas aparentemente normais podem sofrer de depressão. Aí, tem um outro tipo
de preconceito que achar que depressão inutiliza as pessoas e elas são
malucas”, explica a psiquiatra Ana Alice.
Ana Alice é psiquiatra e sobrinha de Chico Anysio.
E lembra que o tio tratava a doença com naturalidade. “Meu tio não escondia
isso de ninguém. Nunca escondeu. Falou pra família inteira. Conversava comigo.
Muito natural”, revela Ana Alice.
“Ontem eu tava conversando com uma paciente minha
sobre ‘por que é que eu tenho depressão? Será que foi porque eu não consegui
lidar com tal situação. Eu sou frágil por causa disso?’ Depressão é uma doença genética. Hereditária. Mas ninguém fica
deprimido porque quer”, explica a sobrinha de Chico Anysio.
Rico sabe sobre o que Ana Alice está dizendo. Ele é
primo dela e filho de Chico Anysio. “Eu já deprimi quando minha mãe morreu.
Quando ele morreu eu fiquei também deprimido. Não tive que tomar remédio
nenhum. Eu faço terapia e não tive que
me medicar. Mas certamente eu fiquei deprimido”, conta Rico.
Ao falar abertamente sobre o problema, o filho
parece ter entendido o último conselho do pai.
“Quanto mais pessoas me ouvirem falar sobre a
depressão, mais pessoas vão deixar de ter vergonha de ser deprimido”, disse
Chico Anysio.
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